Envelhecimento do brasileiro pede novo tipo de imóvel

Claudio Marques

22 Outubro 2017 | 07h10

O casal Dirce Sampaio, 78 anos, e Neslon Corrêa, de 81, vai reformar o apartamento onde moram para torná-lo mais acessível. Foto: Werther Santana / Estadão

Bianca Soares / Especial para o Estado
Em 2050, o número de idosos ultrapassará pela primeira vez o de adolescentes e jovens (10 a 24 anos), segundo a Organização das Nações Unidas (ONU). Mais acentuada em países desenvolvidos, a tendência de envelhecimento cria o chamado mercado grisalho, formado por pessoas acima dos 60 anos que devem continuar trabalhando, recebendo e consumindo.

O nicho já está no radar de investidores e operadores imobiliários de países desenvolvidos, mas desperta pouca atenção no Brasil, segundo especialistas. A constatação é problemática, porque até 2025 o País será o sexto mais envelhecido do mundo.

Para o presidente do Conselho Consultivo do Sindicato da Habitação (Secovi-SP), Cláudio Bernardes, a próxima década trará uma demanda significativa o suficiente para despertar o interesse das incorporadoras. “Há pouco tempo éramos uma nação jovem. Então, esse é um conjunto que tem potencial enorme de crescimento, mas não forma, hoje, escala suficiente de clientes.”

UFPE abre inscrições para cursos gratuitos para idosos

A Universidade Federal de Pernambuco vai abrir vagas para mais uma edição do programa Universidade Aberta à Terceira Idade (UnATI)/UFPE.

O projeto vai oferecer cursos gratuitos para idosos no primeiro semestre deste ano. Há vagas para alfabetização, espanhol, inglês, italiano, automassagem, bordado em ponto cruz, nutrição, teatro, arteterapia e muito mais. Os interessados terão do dia 22 de fevereiro até 1º de março para se inscrever.

A idade mínima exigida para participar é de 60 anos. Outros pré-requisitos e informações gerais estão disponíveis no site.

A UnATI/UFPE é um programa de extensão vinculado ao Programa do Idoso (Proidoso) da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (Proexc) da UFPE. Para mais informações, é só ligar para (81) 2126-7366 ou enviar um e-mail para proidosounati@gmail.com.

“Não há restrição de idade para brincar o Carnaval: os cuidados com a saúde, no entanto, devem ser reforçados por quem tem mais de 60 anos”

Nizete Félix herdou do pai a paixão pelo Carnaval

O arrastão que o Carnaval promove não tem restrição de idade. Cada folião, dentro do seu ritmo, procura aproveitar desde as prévias até os dias oficiais da festa de Momo. Engana-se quem pensa que na terceira idade essa animação diminui. Ao contrário, o amor por essa festividade popular só aumenta ao longo dos anos. Entretanto, com o avançar da idade é necessário redobrar os cuidados com a saúde. Hidratação e uma boa alimentação são fundamentais para se chegar até a quarta-feira de Cinzas com pique para curtir o ano inteiro.

Aos 68 anos, Nizete Félix Cavalcanti herdou do seu pai a paixão pelos blocos e concursos. “Meu pai era um grande carnavalesco, e isso passou para toda a família. Já fui eleita rainha pela Federação dos Idosos de Pernambuco, em 2015, participei dos blocos líricos Ilusões, Utopia da Paixão e agora fui convidada para participar do bloco da Esperança”, declarou. Ela também concorreu pela oitava vez ao 9º Concurso da Rainha do Baile Municipal da Pessoa Idosa, que ocorreu no último dia 23, no Paço Alfandega, mas não venceu. O 17º Baile da Pessoa Idosa do Recife será realizado esta terça (6), no Classic Hall, e é organizado pela Secretaria de Desenvolvimento Social, Juventude, Políticas sobre Drogas e Direitos Humanos.

Outro folião que cresceu brincando o Carnaval é o artista plástico Maurício Claudino de Oliveira, de 63 anos. Natural de Caruaru, quando criança, ele via passar pelas ruas da cidade a La Ursa e desde então não perde nenhum bloco. “O Carnaval, para mim, é a consciência da minha regionalidade, estou sempre acompanhando os blocos de rua e participando de vários bailes. É um presente ter chegado a essa idade e conseguir representar o frevo”, disse. Maurício Claudino leva tão a sério a festividade popular que trabalhou por dois meses na fantasia em referência ao conde Maurício de Nassau.

Mas o Carnaval não é apenas folia, o período também é conhecido pelas histórias de amores, e por que não dizer, desamores. O aposentado José Loreto, de 74 anos, procura não perder nenhum bloco e, por conta desse ritmo frenético, seu casamento acabou não resistindo. Separado há 40 anos, José disse que um dos motivos pelo qual se divorciou e preferiu não casar de novo, é o fato de ser apaixonado pelo Carnaval. “Minha ex-esposa não gostava de Carnaval, esse foi um dos motivos que nos levou a separação. Resolvi não me casar mais, já encontrei muitos amores, mas é preciso acompanhar meu ritmo”, relatou o aposentado.

Há quem consiga encontrar seu par durante as festas, como é o caso do rei do Carnaval do Baile Municipal da Pessoa Idosa 2018, José Florentino da Silva, de 90 anos, e a rainha da edição do ano passado, Maria Gilda, de 77 anos. Eles se conheceram em 2012, quando José Florentino foi eleito rei daquela edição. “Eu já era viúva havia 12 anos, e foram os meus filhos que me mostraram ele. Me candidatei a rainha e me apresentei também. Depois disso nós fomos nos aproximando, nos conhecendo, até que quase no fim daquele ano, decidimos morar juntos”, declarou Maria Gilda.

Cuidados
A médica de saúde da família, especializada em geriatria, Fátima Nepomuceno, explica que, para o público da terceira idade é recomendável cuidados redobrados em relação à hidratação e alimentação. Os idosos retêm menos água do organismo, então é muito importante a reposição de água, principalmente daqueles que consomem bebida alcoólica. Queimadura é outra preocupação nesse período. “A pele do idoso é muito mais sensível, é uma pele com rugas. O uso do protetor solar é imprescindível para não acontecer à queimadura de 1º grau”, recomendou a doutora.

Para aqueles idosos que já possuem alguns problemas de saúde como hipertensão, diabetes e artrose, a geriatra Fátima Nepomuceno enfatiza que os remédios e as restrições alimentares devem ser mantidos. Nos casos de artrose, é necessário respeitar o tempo de descanso. “É possível brincar o Carnaval em qualquer idade, desde que seja com responsabilidade”, conclui. O motorista Eliezer Gomes de Oliveira, de 62 anos, segue à risca todos os cuidados para conseguir brincar o Carnaval. “Dou minhas caminhadas na praia, bebo muita água e tenho uma alimentação bastante equilibrada”, afirmou.

Fonte da matéria e créditos das fotos: Folha de Pernambuco – Por: Mirella Araújo da Folha de Pernambuco em 06/02/18 às 06H06, atualizado em 06/02/18 às 08H05Foliões