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Poupança: 57% das pessoas acima de 60 anos não têm reservas
“Essa situação é ainda mais comum entre os entrevistados com baixa escolaridade (68%) e os pertencentes à classe D e E (77%)” destaca a economista da instituição, Marcela Kawauti. Um dos principais motivos que atrapalham esses consumidores a poupar e a investir é a preocupação com a família.
Além disso, o estudo aponta que 54% têm dívidas por não saberem controlar as contas e 32% já tiveram o nome incluído em listas de inadimplentes. “Quase a metade dos idosos entrevistados (47%) garante que pensa no futuro da família e acaba deixando de fazer coisas que gostaria para manter uma reserva financeira”, diz o SPC.
A falta de educação financeira também é outra explicação. Dos 632 entrevistados em todas as capitais brasileiras, 59% não sabem calcular juros de empréstimos e 91% não fazem transações bancárias, como conferência de saldo e pagamento de contas, pela internet.
No entanto, de acordo com o relatório, 72% dos consumidores com mais de 60 anos declaram ter atualmente uma situação financeira estável. Oito em cada dez afirmam ainda não depender de ninguém para gerir as próprias contas e 74% dizem não perder mais o controle de seu orçamento há alguns anos. Do total, 38% dizem fazer algum tipo de controle financeiro, seja com cadernos de anotação ou planilhas eletrônicas. Por outro lado, 40% dos entrevistados não deixam registros e preferem fazer tudo de cabeça. Já 14% deles admitem não ter nenhum controle sobre suas contas.
Endividamento
O grau de endividamento e o ritmo de crescimento do número de idosos com contas em atraso são maiores que a média nacional. Segundo a pesquisa, 4 milhões de idosos são inadimplentes, o que representa cerca de 25% da população acima de 65 anos. Além disso, enquanto o crescimento médio do número de inadimplentes na SPC é de 3,8%, na população entre 64 e 94 anos, a taxa de crescimento é o dobro, de 7,5%.
O que mais leva idosos a atrasarem suas contas e terem o nome negativado no sistema do SPC é a ajuda a pessoas próximas: 21% emprestaram o nome para financiar compras e pegar empréstimos para amigos e parentes e não conseguiram honrar o compromisso. A segunda causa mais comum, com 19% das respostas, é o mau planejamento financeiro, seguido de problemas de saúde (11%), descontrole dos gastos (8%) e de cobranças indevidas (6%).
Metodologia
Para mapear o perfil e o comportamento de consumo da população brasileira idosa, o SPC Brasil (Serviço de Proteção ao Crédito) e o portal de educação financeira Meu Bolso Feliz entrevistaram pessoalmente 632 consumidores com idade acima de 60 anos de ambos os gêneros e de todas as classes sociais nas 27 capitais brasileiras. A margem de erro é de 3,9 pontos porcentuais para um intervalo de confiança de 95%. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Publicação: 15/10/2014 10:20 Atualização:
Debate sobre o fim do Fator Previdenciário
Câmara volta a discutir o fim do fator previdenciário em novembro
Presidente da Casa recoloca na pauta a extinção do índice que reduz a aposentadoria do INSS
Governo, que não aceita a retirada do índice, deve apresentar contraproposta para o cálculo dos benefícios
A Câmara dos Deputados deve voltar a discutir o fim do fator previdenciário no próximo mês. O presidente da Casa, Marco Maia (PT-RS), recolocou o tema na pauta ontem, para votação entre os dias 20 e 23 de novembro.
O projeto, do senador Paulo Paim (PT-RS), restabelece o cálculo antigo das aposentadorias do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), que considera a média dos últimos 36 salários para determinar o valor do benefício.
O fator previdenciário -índice que reduz o valor do benefício por tempo de contribuição de quem se aposenta cedo- foi criado para estimular o adiamento do pedido do benefício, mas, na prática, isso não ocorreu.
Os trabalhadores continuam a se aposentar cedo, com valor menor, e seguem na ativa mesmo recebendo os recursos no INSS.
Além disso, há um agravante: é impossível para o trabalhador programar sua aposentadoria. O índice muda para pior todos os anos, com a evolução da expectativa de vida da população.
O governo é contra a extinção do fator, já que a medida causaria um rombo nas contas da Previdência. A expectativa é que o Planalto apresente uma alternativa em substituição ao projeto de Paim assim que ele entrar em discussão no Congresso.
A votação, no entanto, não está garantida -depende de avaliação dos líderes da Câmara em reunião no dia 20.
O presidente da Câmara tomou a iniciativa de retomar a discussão após a ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, afirmar que o governo não quer a votação do projeto neste ano.
Segundo informações do gabinete do presidente da Câmara obtidas pela Folha, o deputado não encontrou resistência dos líderes à colocação do texto na pauta.
FÓRMULA 85/95
O governo pode apresentar como contraproposta o chamado fator 85/95, que concederia aposentadoria integral quando a soma da idade do segurado com seu tempo de contribuição fosse 85, para mulheres, e 95, para homens.
O tempo mínimo de contribuição (30 anos, para mulheres, e 35, para homens) seria mantido. A mudança valeria para trabalhadores da ativa.
Outra proposta -com forte resistência das centrais sindicais- é a exigência de idade mínima (65 anos, para homem, e 60, para mulher) para a concessão do benefício.
O Congresso chegou a aprovar a extinção do fator previdenciário em 2009, mas o então presidente Lula vetou a proposta por não haver um substituto para o índice.
(CAROLINA MATOS e PAULO MUZZOLON – Fonte: Folha de S.Paulo)